quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Manuel Alegre- O homem do País Azul

“O Homem do País azul” de Manuel Alegre é um livro constituído por Dez contos, onde estão bem visíveis as memórias do autor da luta contra o fascismo, do exílio e da guerra colonial.       

 Neste livro Manuel Alegre mostra um pouco do seu interior existindo marcas autobiográficas. Manuel Alegre utiliza de uma forma indirecta o livro como um diário, deste modo, o primeiro conto, que dá título á obra é a meu ver como uma reflexão sobre o exílio durante a ditadura.       
O primeiro conto que dá titulo ao livro é a história de Vladimir, um sujeito desconhecido revolucionário e enigmático pertencendo a um grupo de terrorismo que estava relacionado com o rapto de um embaixador ocidental. Este homem é visto várias vezes em diversos locais sempre com companhia, aspecto e nomes diferentes. No suceder do conto, Vladimir, Abudul, ou Albuquerque assume diversas personalidades e atitudes diferentes contudo afirma sempre ser do Pais azul.
Penso que este personagem é o “símbolo” da liberdade e da esperança e nos dá uma grande percepção do que era um exilado na época da ditadura Salazarista e é de certo modo uma representação da revolta que Alegre sentia durante o regime de Salazar.

O segundo conto “ A senhora do Retrato  é um dos meus favoritos. Passa-se na casa da tia Hermengarda a dona da casa onde estava o quadro onde estava representado um retrato de uma senhora incógnita , este conto é cheio de misticismo em torno de um retrato da senhora de quem era proibido falar.
                Todo este mistério despertaram a curiosidade do personagem central em descobrir quem era a tal senhora de pele e olhos claros que iluminava o corredor sombrio que assustava o personagem. É então a tia-avó Hermengarda quem acabava por revelar que a senhora do retrato era Natália, a esposa do primo Bernardo e o afecto que mantinha por ela. Natacha como a tia-avó lhe chamava era uma mulher única, cheia de vida e força que desapareceu misteriosamente que a meu ver representava muito do que a tia Hermengarda foi enquanto jovem “as vezes não eu não sabia se estava a falar de Natacha ou de si mesma”. A tia Hermengarda acaba por morrer e o retrato desaparece e com ele desaparece também a felicidade.
 Penso que este conto serve para realçar a união e a ligação entre o personagem e a tia Hemengarda pela forte ligação que ambos sentiam por Natacha.

O terceiro conto “a grande subversão” refere a privação de direitos que existia durante a ditadura Salazarista e evidencia a monotonia que era a vida na época de Salazar, a falta de liberdade que existia e o controlo minuciosamente pormenorizado de tudo. “ Eram terríveis as rotinas, quase um rito iniciático, havia o dia de esfregar a casa, o dia de lavar a roupa, o dia de arear os metais e o dia de tomar banho”
No decorrer da historia a personagem central revolta se contra o regime e contra a rotina de uma forma bastante rígida. Penso que este personagem representa também muita da revolta que existiu em Alegre.

No conto “Artur e os múltiplos de três”  retratada a vida de um homem que tem um “tique” com os múltiplos de três. Tudo o que fazia era precedido de certos rituais como, por exemplo, tocar nas cadeiras três vezes ou mesmo por qualquer dos seus múltiplos.
Uma vez, durante um momento em que teve febre, Artur sentiu o três desmoronar-se perante ele e, desde aí, redobrou os seus tiques para nove ou até vinte e sete vezes.
Pouco depois foi destacado para Angola, Zala, o que o levou a redobrar ainda os seus “tiques” ainda ainda mais os seus tiques e até os inovou. Mas, um certo dia, esqueceu-se da sua rotina ao sair do quartel. Ficou preocupado e repetiu os seus rituais varias vezes, contudo resignou-se e apercebeu-se que não era inútil esforçar se mais necessitava de todos aqueles ritos para ter confiança e se sentir protegido.
Eu penso que este conto contém uma ideia simples e muito bem demonstrada: não podemos ser levados pelos nossos tiques, manias ou cismas podendo nos tornar dependentes deles para ultrapassar os nossos receios porque eles não mudam em nada a nossa vida.

No conto “A pedra” relata a história de um indivíduo que procurava uma pedra através de esforços desmedidos, procurou a no fundo dos rios, em Marrocos e no Egipto sempre sem sucesso. A pedra revelava o nome daqueles que se tinham destacado na descoberta da cidade. “todos os nomes estão escritos no avesso de uma pedra virada para o esquecimento”.
Um homem disse lhe onde estava a pedra e ele reparou que apenas estava escrita a palavra “lapidem” O homem entendeu que talvez o sentido das coisas esteja sempre escondido do outro lado e cada homem tem a sua cara e o seu lado contrario. “somos sempre quem já não somos” existindo sempre um lado diferente de nós que talvez não conheçamos.
Gostei bastante do livro e recomendo o porque é um livro atractivo, com uma linguagem bastante simples e de fácil compreensão tornando se num livro muito agradável de ler mas que por outro lado o seu significado não é assim tão evidente como parece á primeira vista porque transmite muito de quem realmente Manuel Alegre é como pessoa e é como se fosse um diário dele contanto indirectamente algumas das suas vivências e expondo a sua alma e as suas memórias tendo a capacidade de nos fazer compreender do que foi viver durante o regime Salazarista e o seu exílio, de modo que nos transporta para esse mundo e  nos fazer viver e sentir a história da obra.

2 comentários:

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